Caminhar pelas praias
O litoral da ilha de Boipeba permite curtas e longas caminhadas pelas praias e algumas trilhas de mata e coqueirais. São 20 km de um litoral quase que intocado, um verdadeiro convite aos andarilhos!
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Uma das melhores maneiras de conhecer esse lugar encantador é caminhando pelas praias e se deslumbrando a cada curva, cada trilha, cada cenário. Nossa dica é iniciar na vila da Velha Boipeba, com suas ruazinhas de paralelepípedo, casinhas de pescadores e povo gentil e seguir até a praia da Boca da Barra, a primeira e mais urbanizada de Boipeba. Mas relaxe, urbanização em Boipeba significa alguns poucos restaurantes à beira mar, que vão surgindo ao longo da caminhada e em meio a pousadinhas charmosas estilo "pé na areia".
O cenário já é lindo e o encontro do rio do Inferno com o mar é um espetáculo à parte. Mais adiante vem a praia do Outeiro, um recanto paradisíaco com uma pequena prainha de pedrinhas, amendoeiras gigantes e coqueiros centenários, é o caminho até a entrada da trilha de Mata Atlântica que segue atravessando o morro até a praia de Tassimirim. Antes, uma pequena parada no mirante para admirar o encontro do rio com o mar e parte do belo recorte dessa ilha extraordinária.
A trilha até Tassimirim já é um grande passeio e para quem tem bons olhos, ouvidos e olfato, a natureza presenteia com belas espécies da fauna e flora, além de um cheiro delicioso que só a Mata Atlântica tem. A chegada na praia de Tassimirim é incrível, a trilha forma um pequeno túnel que se abre numa prainha de piscininhas de água morna, emolduradas pela vegetação de amendoeiras e coqueiros altos. Detalhe importante é realizar essa caminhada sempre na maré baixa, além de facilitar e diminuir o desgaste, existem trechos que não permitem passar andando na maré cheia!
A praia de tassimirim é super recortada e irregular, garantia de fotos incríveis e muitos ângulos que fazem deste lugar, um pedaço da Polinésia na Bahia. Ela liga a praia do Outeiro até a praia da Cueira, onde se encontra o famoso restaurante do Guido da Lagosta. Não deixe de experimentar suas iguarias e tempero reconhecido internacionalmente! A Cueira possui um dos mais lindos e conservados coqueirais do nordeste, a praia inteira está dentro de uma fazenda, portanto, lindamente conservada. Ao final se encontra a foz do pequeno rio Oritibe, e o encontro das águas forma um belo conjunto de cores. Após atravessá-lo, lembre-se que é importante a maré estar baixa, surge uma pequena, linda e exótica prainha, onde se inicia uma nova trilha por dentro de uma fazenda de coqueiros que leva até a praia de Moreré.
Moreré surge quando se chega numa porteira, é o final da trilha da fazenda e o início de uma das mais espetaculares praias do Brasil. Toda ela é lindíssima, seja pelo recorte longo e sinuoso, seja pelas incríveis piscinas naturais que se formam a 1 quilômetro da costa na maré baixa. É possível alugar por lá um barquinho e fazer aquele mergulho especial com snorkel em meio a peixinhos, corais e vida marinha preservada e multicolorida.
Após esse mergulho inspirador, continue caminhando e se deslumbrando com mais esse pedaço da Polinésia na Bahia, até chegar numa pequena, pacata e bucólica vila de pescadores. Com casinhas de alvenaria, madeira e palha, pequenos restaurantes e a simpatia contagiante da sua gente, Moreré é um daqueles lugares que o tempo congelou. Mas cuidado: talvez você não queira mais sair de lá!
Uma boa dica é parar para o almoço em Moreré, experimentando um belo prato de qualquer fruto do mar à base de banana da terra, especialidade local. Depois uma boa sonequinha se espreguiçando numa rede e ouvindo o som da mar... Inesquecível! Mas não pare por aí, logo à frente virá uma linda trilha por dentro da fazenda, repleta de buracos de guaiamuns nas duas margens, e que liga Moreré à praia de Bainema. Ainda tem cantos de passarinhos e um corredor de flores e cores de tirar o fôlego. Tudo nesse lugar é inspiração, de encher o peito de ar e expirar alegria, emoção e sentimentos positivos.
Em Bainema é possível que se depare com cavalos no meio da praia, mas quase ou nenhuma gente! E a longa e linda praia de coqueiros é mais uma fazenda intacta, que leva até a entrada de um mangue. Sugerimos que contrate um guia para essa travessia, além do que precisará de uma canoa para a navegação do rio Catu até a belíssima e intocada praia da Ponta dos Castelhanos. O guia também oferece a canoa, além da segurança e conhecimentos sobre a biodiversidade local transmitidos na travessia do manguezal.
Chegando em Castelhanos, encontram-se pequenas barracas de madeira e palha, ricamente adornadas com cortinas de conchas locais. Elas servem drinks e pastéis de frutos do mar, de caranguejo, siri, lagosta, aratu, não deixe de experimentar! A caminhada deve continuar por toda a extensão da praia da Ponta dos Castelhanos, aproveitando do seu cenário único, com pequenas ilhas de mangue em meio a piscinas de água cristalina e coqueiros, amendoeiras e vegetação selvagem.
Este lugar guarda um tesouro da História do Brasil, sendo o local onde naufragou a nau capitânia espanhola "Madre de Dios" em 25 de julho de 1535, dois dias antes da data do apóstolo "Santiago". Da tripulação, 90 homens foram mortos pelos tupinambás e 20 deles conseguiram escapar numa chalupa. Muitos estavam flechados, o que lhes inflingiu algum esforço e dificuldade para alcançar as águas da Baía de Todos os Santos, onde foram socorridos por Diogo Alvares, o "Caramuru". A historiografia narra que Caramuru foi ao teatro do naufrágio e lá encontrou mais 4 sobreviventes escondidos dos tupinambás, além de uma imagem de Nossa Senhora armazenada numa caixa. Navegou de volta para sua vila na antiga Ponta do Padrão, onde hoje está situado o bairro da Barra e seus três fortes: Santo Antônio (Farol da Barra), Santa Maria e São Diogo.
Ele entregou a imagem de Nossa Senhora para sua esposa, a índia tupinambá Catarina Paraguaçu. Segundo a lenda cristã, ela havia sonhado com uma mulher vestida de "branco" que pedia socorro, e esse teria sido o motivo da viagem de Caramuru ao local do naufrágio. Paraguaçu, que já estava catequizada e convertida ao cristianismo, teria reconhecido no presente do seu marido a imagem do sonho, um milagre que culminou na construção de uma igreja no alto da vila. É a Igreja de Nossa Senhora da Graça, uma das mais antigas do Brasil e que se encontra no bairro da Graça, em Salvador.
Se encontrar algum pescador na Ponta dos Castelhanos, peça que lhe mostrem o local do naufrágio, o resto ficará por conta da sua imaginação!
De lá você poderá retornar num quadriciclo (importante combinar antes pois o local é deserto) ou seguir caminhando até o povoado de Cova da Onça, que possui riqueza cultural e muito mais história!